Milton Neves lembra carreira multimídia




O Mestre do Jornalismo Esportivo, jornalista, radialista e publicitário, Milton Neves Filho, mineiro de Muzambinho, completou 68 anos no dia 6 de agosto último. Proprietário da Agência Terceiro Tempo, comanda aos domingos o Domingo Esportivo na Rádio Bandeirantes das 9h30 às 16h, e após as partidas, o Terceiro Tempo na TV Band. No Portal Terceiro Tempo, Milton traz à memória ex-jogadores e escreve uma coluna no jornal Agora São Paulo, de mesmo nome. Apresenta o programa “Gol, o Grande Momento do Futebol” na TV Band Sports.
Milton, também escrivão de polícia aposentado, tem 47 anos e seis meses de carreira, entrou no rádio aos 15 anos de idade, na Rádio Continental em seu torrão natal.
Em entrevista exclusiva ao Jornal do Brás e ao Portal E5, em sua agência de publicidade, na av. Paulista, Milton Neves lembrou o início de sua carreira, as coberturas jornalísticas marcantes e opinou sobre o atual momento do veículo rádio, frente às novas tecnologias.

Eduardo Martellotta – Como foi o início de sua carreira?
Milton Neves – Em Muzambinho havia um serviço de alto-falantes. Um dia, com 15 anos, eu saía do cinema, havia o footing na cidade, quando de repente, o Benedito Dino, com um microfone na mão, e como se fosse a mão de Deus, me pediu para falar alguma coisa e testar o aparelho. Lá tinha um cartaz sobre reforma da Igreja São José e quermesse. Peguei e o li, de qualquer jeito, com medo daquilo, como se fosse uma cobra aquele microfone. No fim do passeio, uma moça chamada Lindamir, filha do “Gerardinho” da Farmácia, disse que eu falava bonito. Eu fiquei todo empolgado e voltei lá. Aí escrevi um improviso, com mais calma, e falei. Depois de um mês, o Dino e mais três empresários montaram a Rádio Continental e me colocaram para fazer programa de Esportes.



E M – E sua chegada a São Paulo na Rádio Jovem Pan?
M N – Morei um ano em Curitiba, passei frio e fome lá, trabalhando na Rádio Colombo, e ganhando pouco dinheiro. Aqui em São Paulo, em 1972, entrei na Faculdade Objetivo (Supero-SP) e faltava dinheiro para pagar pensão, a mensalidade do Curso de Jornalismo e comida, aí então, fui fazer teste na Rádio Jovem Pan, onde passei e lá fiquei um ano fazendo Trânsito. Depois o Osmar Santos me colocou no Plantão Esportivo no lugar do Fausto Silva. Hoje o plantão está meio apagado porque a internet já informa tudo.

E M – O sr. ficou na Pan até qual ano?
M N – Fiquei na Jovem Pan durante 33 anos, de 1972 a 2005. Estou na Rádio Bandeirantes, que era a paixão da minha vida lá em Muzambinho, onde eu só ouvia a Tupi, a Bandeirantes e a Gazeta. Não se ouve mais a Bandeirantes com a qualidade de som que tinha, pois hoje cada cidade do interior tem quatro ou cinco rádios AM ou FM, e o som da Bandeirantes fica quebrado no caminho.


E M – O sr. acha que a tendência é acabar as transmissões no AM?
M N – O AM está acabando. Eu consegui uma licitação para ter a Rádio Terceiro Tempo FM no Guarujá. Assim que o ministro astronauta Marcos Pontes assinar, vou ter um ano para montar a rádio lá.

E M – Qual o melhor time de todos os tempos?
M N – Gilmar, Lima, Mauro e Dalmo e Calvet; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Esses 11 caras forjaram o meu destino.

E M – E qual a melhor cobertura jornalística de sua carreira?
M N – Morte do Ayrton Senna em 1º de maio de 1994. Foi um trabalho épico pela Rádio Jovem Pan. Eu comandei a equipe, no 24º andar. O dono da Schincariol, José Nelson Schincariol, que já morreu, apaixonado por Automobilismo, tinha até um kartódromo na fábrica, e ficou impressionado com o meu trabalho jornalístico. Dias depois, fui contratado para divulgar a cerveja pela primeira vez em rede nacional, no rádio e na televisão. Isso mudou a minha vida em termos profissionais e financeiros. Outra cobertura maravilhosa foi no incêndio do Grande Avenida, na av. Paulista em 1981. Era um sábado, dia de Brasil x Colômbia em Bogotá, e eu estava em frente ao Conjunto Nacional dirigindo, quando o farol ficou amarelo. Eu não sei por que brequei, era um farol que dava para passar. Aí no entanto ao parar, olhei para o lado esquerdo, e estava pegando fogo o edifício. Eu subi no 25º andar do prédio da Pan, o operador Paulo Freire fez a instalação num fio improvisado, e fiquei narrando sozinho o incêndio, durante uma hora pela Pan.

E M – Deixe uma mensagem para os leitores do Jornal do Brás e empresários do Brás, Pari, Belém e Mooca.
M N – Gosto muito dessa região. Quando eu comecei na publicidade, uma das primeiras empresas a apostar em mim foi a Tapetes e Carpetes Bandeirante, que tinha o slogan: “Fez o primeiro, faz o melhor”. A publicidade foi muito importante para mim. Eu sempre falo nas minhas palestras: saibam tudo de computador e falem inglês. Hoje tem que haver uma interação do jornalista com publicidade. Por que está havendo demissão para todo lado? Porque falta publicidade. A comunicação publicitária é tão importante como a jornalística. Já dizia Victor Civita: “Você não tem a melhor redação, as melhores cabeças, se você não tem a publicidade que move a locomotiva”.






A obra “Milton Neves – Biografia do jornalista esportivo mais polêmico do Brasil”, da Ed. Lazuli, escrita por André Rosemberg e idealização de Claudio Tognolli, está em todas as livrarias











Matéria publicada na edição 369 (2ª quinzena de agosto de 2019) do Jornal do Brás.


Eduardo Cedeño Martellotta

Jornalista pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte pela FMU. Editor Geral, Redator e Repórter do Jornal do Brás (2004 a 2021). Coautor e Prefaciador de livros e antologias da Editora Matarazzo. Autor dos livros "Brás e seus Logradouros - origem e história", "Vamos falar de Jundiaí?", "Anos 90 Palmeirenses - Da Quebra do Tabu à Conquista da América" e "21 Contos nos Bairros de São Paulo". Trabalhou nas Rádios DaCidade AM e Terra AM. Criador e Editor do Portal E5 (2010 a 2024).

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